quarta-feira, 22 de julho de 2009

Professor - João Teles de Aguiar

Gleison - Texto enviado pelo o amigo e leitor desse Blog - Professor João Teles

O DIA EM QUE VENDI UM PEDAÇO DA MINHA NUDEZ - Um dia estava eu e dois pareceiros nos poços do rio Coreaú, pras bandas do Socavão, um gigantesco que existia. Pescávamos com anzóis e tarrafa. Apareceu por lá uns senhores de Coreaú, mas que moravam fora. Dava pra ver belas roupas caras que usavam e pela cara de quem comia bem. Depois de pilheriar um pouco, fizeram a proposta: dar dinheiro, pra gente "descer as calças e mostrar os documentos". Titubeei. Um dos companheiros, talvez mais precisado, balançou-se todo; o outro foi junto. A malícia dos endinheirados me fez cair na esparrela. Descemos as bermudas surradas e os engraçadinhos clicaram nossas penugens de frangotes. Sumiram, rindo entredentes. Passados uns dias(tinha guardado o dinheiro. Queria uns quinaipos), tive uma notícia aterrorizante. Um monóculo corria as ruas de Coreaú. Homens e mulheres olhavam nossas fotos e riam seu riso desalmado! Deu-me uma dor terrível no coração. Temia a galhofa atrevida das ruas, temia meus pais, temia a Deus e até o inexistente. Me arependi de tudo! Queria entregar aqueles couros da rato e esquecer o refresco de quissuco, que tomaria com o troco do calçado. Quase morro de vergonha, enfurnado no boteco que meu pai mantinha na Rua de Baixo. Com ir pras ruas, como arrumar um chamego, quem ia me querer!? Sentia-me um traste desavergonhado ... O tempo passou e o "inimigo", sobrinho dos tais homens homens de dinheiro, esqueceu a tal foto. Cansou de curtir com nossa magreza ... Demorei muito a aceitar que era gente capaz de arrumar um namoro ...

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