segunda-feira, 9 de junho de 2014

Crack já está presente em 75,5% do Estado

Dos municípios com nível grave de problemas com a circulação do crack, 24 alegaram possuir programas de combate à droga
Cravando raízes na miséria das periferias, invisível aos olhos do Poder Público, o crack foi, aos poucos, marcando seu território no Brasil. Em cerca de 20 anos, período transcorrido após a primeira apreensão da droga no País, em 1990, a substância - de efeito intenso, preço baixo e fácil acesso - foi angariando usuários em todas as classes sociais, idades e sexos. Transformou-se no narcótico mais consumido e vendido nos Estados, circulando desde os conturbados centros urbanos até as regiões mais remotas.
Sua forte capacidade de disseminação sem combate e prevenção fez com que a droga, derivada da cocaína porém cinco vezes mais potente, chegasse a quase todas as cidades brasileiras. A informação é da Confederação Nacional de Municípios (CMN), que mantém o Observatório do Crack, mapeamento da substância em toda a superfície do País. No Ceará, a pesquisa investigou a situação do consumo em 154 dos 184 municípios e constatou a circulação do entorpecente em 139 deles. Cerca de 75,5% do Estado tem a presença do crack.
O nível de problemas relacionados à presença da droga nas localidades foi classificado em grave, médio ou baixo. Segundo a pesquisa, 33 municípios apresentam sérios distúrbios causados por conta da propagação do tóxico. Dentre eles, lugares cuja população não chega a 5 mil habitantes, como, por exemplo, Guaramiranga, a cerca de 110 km da Capital. Outras 73 cidades estão entre os pontos com danos em escala média, entre elas Fortaleza, e as restantes, em grau baixo.
Na lista dos locais mais prejudicados pelo crack está a cidade de Russas, na região do Jaguaribe. Lá, a substância chegou há, pelo menos, uma década, época em que o hoje desempregado M.F, de 41 anos, teve seu primeiro contato. Até então, a droga ainda não era muito popular na cidade. Apenas os usuários mais antigos já haviam experimentado. De efeito rápido e proporcionando uma forte sensação de prazer, não demorou muito para que a "pedra", como é conhecida, começasse a fazer dependentes. Ele, inclusive.
Atualmente em tratamento, M.F. Diz que agora consegue ver a degradação causada pelo crack no município. Devido à grande procura, ele conta que o tráfico na região se intensificou e, em paralelo, a criminalidade atingiu índices nunca antes vistos. "O cenário, hoje, é horrível. A droga está destruindo tudo, acabando com as famílias. Tem pessoas de todas as idades, sexos e classes sociais viciadas e, a cada semana, pelo menos duas morrem por causa do tráfico", relata.
Fonte: Diário do Nordeste

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